1 de fevereiro de 2016

Segundica Literária #2 - Trilogia Fronteiras do Universo

Oi gente!

Hoje a Segundica Literária é sobre uma trilogia que li em meados de 2005, entitulada Fronteiras do Universo. No total, 1359 páginas genialmente escritas pelo britânico Philip Pullman, nascido em 1967 e ainda nos presenteando com suas histórias. Pullman deixou o magistério para se tornar escritor, ganhou diversos prêmios literários e fez sucesso mundial com essa trilogia fantástica, que se tornou uma das leituras da minha vida, marcando uma época dela para sempre. Muitos devem conhecer a série pelo primeiro livro, que ganhou uma versão no cinema em 2007. Eu confesso que me decepcionei! Por isso recomendo a leitura!


Como estou falando de três livros, não dá para arriscar uma resenha em uma postagem só, ficaria muito cansativo. E o foco da Segundica Literária nem é resenha, mas como o próprio nome já diz, a dica! E porque a escolhi? Porque na semana passada descobri uma leitura complementar, pós trilogia, chamada "A Oxford de Lyra". Uma versão compacta, muito caprichada em 64 páginas que devorei em uma hora. Farei uma postagem só dela, assim posso complementar o que faltará aqui.


A protagonista da trilogia é Lyra Belacqua, uma menina curiosa e corajosa. Ele vive na Universidade de Oxford, cercada por catedráticos, visitada esporadicamente por seu tio Lorde Asriel e brincando pelos telhados da Faculdade com seu amigo Roger. Lyra é inteligente mas ainda foca nos interesses infantis, quer brincar e se divertir. A trama complexa em que será envolvida será o impulso ao seu amadurecimento.

No mundo criado por Pullman, todas as pessoas tem um "daemon", basicamente seres que assumem uma forma animal e os acompanham por toda a vida. Algo como a representação da alma, da personalidade, da sua consciência. O "daemon" de Lyra chama-se Pantalaimon e como nas crianças eles ainda são indefinidos, ele transforma-se de arminho para mariposa e outras animais, conforme a conveniência. Após adultos, os "daemons" assumem a forma que mais se iguala a personalidade da pessoa. Pessoas dominadoras tem um leão como "daemon", criados tem "cães", por exemplo.

Ilustrações do "Folio Society" - Edição de Fronteiras do Universo
A narrativa é onisciente, o que achei perfeito porque nos permite transitar pelos núcleos da história, tendo acesso a informações que os personagens não tem. E tudo começa quando Lyra ouve reuniões entre os Catedráticos e seu tio, sem que eles saibam, e acaba abrindo seus olhos para alguns assuntos do mundo adulto. Logo depois, crianças começam a desaparecer da vizinhança e uma jovem muito atraente, com um "daemon"macaco dourado, aparece na história enfeitiçando Lyra com seu carisma. Então seu amigo Roger também some misteriosamente e ela é obrigada a mergulhar em uma missão para encontrá-lo. Ganha um aletômetro do Reitor (a tal bússola dourada) e é obrigada a descobrir com a intuição como ele mostra as respostas ao seu portador, que deve fazer as perguntas certas e interpretar toda a simbologia.

"O alêtometro" - Fronteiras do Universo

Com a ajuda do alêtrometro e de vários personagens, como gípcios, feiticeiras e até um urso de armadura (sou fã!), Lyra é desafiada a todo instante a montar um quebra-cabeça envolvendo conspirações políticas e experiências científicas. Esse é um pouquinho do primeiro livro. A partir do segundo, a fronteira entre dois mundos é quebrada e então um terceiro é descoberto. Surpresa! 

Ilustrações do "Folio Society" - Edição de Fronteiras do Universo

Eu temo deixar spoiller se contar mais detalhes sobre os demais livros da trilogia, então quem ficou curioso com essas breves linhas, pode mergulhar sem medo porque a narrativa tem muita vivacidade, não entedia de jeito nenhum. A história se passa em universos paralelos, mistura de passado e futuro, tudo proporcionado por sofisticadas tecnologias, misturadas a elementos rudimentares, como facas, velas e pedras. 

Lyra e Will (personagem que ela encontra pelo caminho) transitando entre os mundos - Ilustração de John Howe
Mas assim gente, uma mensagem aos desavisados. Essa trilogia e suas adaptações são polêmicas, então existem várias interpretações e críticas à obra de Philip Pullman. Por uma questão simples, o autor é ateu. Boa parte do enredo mostra uma luta entre autoridades que defendem a submissão e obediência, e do outro lado os seres que acreditam no livre arbítrio. Faz sentido algumas analogias ao comportamento da Igreja (e não só da católica), mas para mim elas podem muito bem ser políticas também. O livro não me tornou ateísta ou diminuiu minha fé em Deus. Muito pelo contrário, abriu ainda mais minha mente para as inúmeras possibilidades e respostas não desvendadas em nosso Universo, além de reforçar algo em que acredito, que nada é completamente "bom" ou "mal". 

Ao se ater nessas polêmicas, talvez muitos leitores deixem de enxergar outras mensagens da trilogia, como a transição das crianças para a vida adulta, as maravilhas das coisas mais simples da infância, o discernimento entre a imaginação e as reais desilusões. Tem muita complexidade lá, embora a escrita seja simples e o livro seja recomendado para o público infanto-juvenil.

Philip Pullman - Autor da trilogia Fronteiras do Universo
Quanto ao filme, eu repito. Embora com efeitos especiais bem elaborados e boas atuações, não é fiel ao livro, ordens de acontecimentos foram trocadas e para mim o mais decepcionante, o filme termina antes do livro acabar, deixando no vácuo o final estarrecedor do primeiro volume! Uma ou duas cenas seriam suficientes, o que não justifica o tempo, não entendi o motivo disso. E também já ouvi duas versões do motivo de não seguirem com as continuações. A primeira é audiência mesmo, as opiniões se dividiram muito. E a segunda por pressão da própria Igreja, embora na adaptação ela nunca tenha sido mencionada. Pelo que citei acima não consigo aceitar a segunda hipótese, prefiro pensar que o filme foi ruinzinho mesmo e não agradou.

E eu escrevi tudo isso para cutucar a curiosidade mesmo! Imagina se detalhasse os três livros (rs). Lembrando que tem muito da minha opinião pessoal aí, baseada na leitura e nas pesquisas que fiz sobre o autor e o filme. Então, que tal ler a trilogia e me contar o que achou? Adoraria debater sobre as aventuras de Lyra!

Beijos!

1 comentários:

Aline Salmon disse...

Oi Ale!! Uau!!! Que interessante esses livros!!! A sua cara!!! rsrsrsrs
Mas vim falar de Jane Eyre. A leitura é mais fácil que os livros da Jane Austen. E o foco da história não é o romance, mas a superação da protagonista, como ela lutou e se superou para ser uma mulher independente naquela época.
O que me encanta é imaginar a escritora escrevendo um livro com uma protagonista super forte na época que as mulheres ficavam sempre em segundo plano. Um dos melhores livros da vida!!!!!! Põe na listona!