As férias acabaram e volto para colocar em dia o atraso das resenhas. Ainda não postei alguns livros lidos em junho, mas quem quiser saber sobre minhas leituras do mês. saiu ontem o vídeo lá no Portão, só clicar aqui. E hoje vou falar de uma delas, "O Conto da Ilha Desconhecida", de José Saramago. Não é novidade que a escrita de Saramago é muito peculiar, mas ao me deparar com esse volume caprichado, com aquarelas lindas (na capa e no miolo) de Arthur Luiz Piza, que conta a história de um homem que vai ao palácio do rei para pedir-lhe um barco, me apaixonei! Quero ler tudo desse autor!
"O Conto da Ilha Desconhecida" conta a história desse homem, que depois de informar querer um barco para procurar a ilha desconhecida, precisa vencer toda uma burocracia para convencer o rei, que questiona o motivo, já que para ele "não há ilhas desconhecidas", pois todas estão no mapa. E quando o rei pergunta: "Que ilha desconhecida é essa?", o homem responde: "Se eu te pudesse dizer, então não seria desconhecida". Sem mais argumentos (depois dessa resposta...rs) enfim o rei lhe dá o barco. Em paralelo, a mulher da limpeza do palácio e que tinha atendido a porta para o homem, resolve sair de lá e segui-lo, pois viu nele uma oportunidade para mudar seu futuro. E não vou contar mais, porque o conto é curto e a partir daí, muitas surpresas chegam. Sutilmente, Saramago nos releva questões sobre persistência, sonhos e várias questões humanas.
O que posso dizer é que a leitura flui facilmente e os personagens mostram questões de hierarquia e diferenças sociais. O sonho do homem em perseguir a ilha desconhecida revela sua inquietude com as coisas do cotidiano e acaba inspirando a mulher, que era ousada e corajosa. Quanto ao cenário do conto? Só posso dizer que a metáfora que Saramago usou foi sensacional! Eu me pergunto: como é possível com tão poucas palavras, Saramago escrever tanta complexidade? Por isso é Saramago, por isso é universalmente admirado, por isso ganhou o Nobel de Literatura. =)
A capa de outra edição publicado pela Editorial Caminho foi ilustrada Bartolomeu Cid dos Santos. |
Eu recomendo muito essa leitura, principalmente porque são apenas 64 páginas. Difícil não se envolver com o personagem, que luta contra um mundo incapaz de aceitar o desconhecido como uma busca mágica. E principalmente, aceitar as pessoas que tem coragem para vivê-la.
Beijos!
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