Vamos então falar sobre o desencalha do mês de julho, lembrando que escolhi o título deste mês, buscando leituras mais "leves". E, apesar da capa do livro me trazer reflexões ("Como você se sentiria se um dia recebesse uma ligação de alguém que ama muito - e que já se foi?"), e a história algumas emoções, para mim foi sim uma leitura leve e agradável. "O primeiro telefonema do céu" é divulgado e catalogado como leitura de autoajuda, mas eu digo que não é. Apesar da forte conotação espiritual, tem uma trama muito bem bolada e personagens bem construídos.
Mitch Albom é americano e iniciou sua carreira na escrita esportiva, porque também é jornalista e locutor de rádio e televisão (além de dramaturgo e músico!). Porém, ele é mais conhecido pelo livro "As cinco pessoas que você encontra no céu", publicado em 2003 e que virou filme em 2004. Eu adoro e sempre cito ele nas histórias que marcaram minha vida. E isso me levou a escolher esta próxima leitura do autor.
A história, que é narrada em terceira pessoa, se passa em uma pequena cidade chamada Coldwater, localizada em Michigan. Já de início conhecemos a história de Sully, que perdeu sua esposa em circunstâncias trágicas e tenta cuidar sozinho do seu filho pequeno. Devido aos últimos acontecimentos da sua vida Sully perdeu totalmente a fé. Em paralelo com a história de Sully, a Katherine, outra moradora da cidade, recebe uma ligação estranha. Do outro lado da linha sua irmã Diane, morta há dois anos. Aí começam as ligações. Tess também recebe uma ligação da sua mãe, o delegado Jack do seu filho e por aí vai.
A notícia se espalha rapidamente e Coldwater torna-se uma cidade turística, invadida por fiéis e curiosos do mundo inteiro. Alguns estão lá para serem abençoados com telefonemas de pessoas queridas, outros por mera curiosidade, especulação e oportunismo. O leitor começa então a perceber muitos pontos de vista diferentes com relação aos acontecidos, inclusive pelas religiões, já que os telefonemas escolhem devotos de diferentes religiões. Aliás, reações do governo, imprensa e igrejas são inseridas na história com precisão pelo autor, mostrando-nos a realidade por trás de muitas manobras cotidianas. No final das contas, diante de tantas perspectivas, ações e reações a pergunta que fica durante toda a leitura é: "o que você faria se recebesse um telefonema de alguém que ama muito, e que já morreu?"
Em meio aos alvoroços, temos então o Sully, totalmente descrente de tudo pela perda da esposa, tentando tirar do filho pequeno a ilusão de que vai receber um telefonema da mãe, já que fica segurando durante todo o dia um telefone de brinquedo na mão. Ele começa então uma investigação pessoal, com o objetivo de descobrir o que há por trás desse inédito fenômeno. Então sim, o livro tem uma mensagem espiritualista. Mas também tem uma trama baseada em uma investigação e na minha opinião, com um final surpreendente!
Vale também destacar que durante a história, o autor insere trechos sobre a vida de Alexander Graham Bell, o inventor oficial do telefone. Como por exemplo o fato de ele nunca ter escutado a voz da sua amada no telefone, porque ela era surda. Este e outros fatos curiosos da sua vida foram colocados na história, de maneira leve e fluída.
Esperava por um livro normal, meio autoajuda, com bonitas mensagens. Encontrei um livro com ótimas reflexões e principalmente sobre a importância de estar vivo. E sobre ter fé. Ainda assim, indico também aos leitores céticos, porque a história no final das contas, atende o "tem que ver para crer". Ao menos eu achei, será que porque sou uma pessoa de muita fé?
"O medo que nos faz perder a vida... um pouco de cada vez. O que damos ao medo, retiramos da fé".
Boa leitura!
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