Oi gente!
Eis que chegamos ao final das postagens #TBT da minha trajetória na escrita e essa será a mais difícil de escrever. Gostaria de terminar contando muitas coisas felizes, mas o ano de 2020 ficará marcado como um dos mais tristes em minha vida. Por tudo que aconteceu, os trabalhos com a escrita também quase pararam e foi o ano que eu menos produzi.
Até comecei o ano bem animada, produzindo meus vídeos do Divã de Escrita e dando continuidade com as vendas do Donatelo e as produções das coletâneas que organizei com a Lu Evans. Também aceitei o convite dos colegas Valter Cardoso e Rafael Bertozzo Duarte do NLCAC e iniciamos nossa série de coletâneas da coleção "Tempo", a primeira entitulada "Tempo de Dragões".
Mas aí veio a pandemia e bem no meio dela minha mãezinha adoeceu. No feriado de 1º de maio ela foi internada às pressas com muita falta de ar e baixa saturação. Como os sintomas eram de COVID não me deixaram ficar com ela na emergência e quando recebi a notícia ela já estava sedada e entubada. Após dois dias o diagnóstico: não era COVID, mas houve um acúmulo de água no pulmão devido à insuficiência cardíaca e hipertensão. De qualquer forma, não nos foi permitido visitá-la na UTI e depois de sete dias ela saiu da sedação e conseguimos vê-la em vídeo. Depois de dez dias ela foi para o quarto e aí devido a sua idade me permitiram ficar com ela.
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"Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo." (Clarice Lispector) |
Ela teve alta do hospital no dia 17 de maio, mas não conseguia mais andar, ficou muito fraquinha. Fazia fisioterapia três vezes por semana mas o corpo não ajudava. Cuidei dela revezando com minha sobrinha e depois com uma cuidadora de maio até julho, porém estava muito complicado conciliar com minha rotina, então decidimos nos mudar de emergência para o condomínio dela. Alugamos um apartamento no bloco ao lado, assim eu poderia ficar mais perto e contratamos outra cuidadora.
Devido a esse arranjo consegui conciliar tudo e até me animei a fazer alguns vídeos na nova casa. Dava conta do meu trabalho oficial e acompanhava de perto as cuidadoras, que tivemos sorte de serem muito amorosas e queridas com a mãezinha. Mas as correrias eram muitas, a mãe não conseguiu mais comer nada sólido depois que saiu da UTI e toda semana precisava comprar legumes para sopa, fraldas (ela não saiu mais da cama) e remédios necessários a cada complicação que vinha pelo caminho. Em meio à pandemia, tudo ficou mais difícil.
Assim foi o segundo semestre do ano, até que em novembro mamãe piorou. O pulmão voltou a acumular água, mas como a pandemia estava novamente no auge, com a ajuda dos médicos e plano de saúde conseguimos conter a infecção em casa. Porém, no final de novembro, no final de semana do seu aniversário de 83 anos, ela sentiu dores abdominais e precisou ser internada novamente. Não vou conseguir detalhar como foi esse processo, pois ainda é muito doloroso para mim. Com tudo lotado, ela ficou um dia inteiro no pronto atendimento, com o diagnóstico de infecção urinária e intestinal, para ser liberada com medicação oral. Passou mais um dia em casa, não melhorou e levamos novamente. Mais um dia inteiro com dor no pronto atendimento, quase sendo enviada para casa novamente, implorei para que fosse internada. Uma médica anjo que chegou no novo plantão conseguiu uma vaga para ela. Depois de dois dias internadas, no dia 5 de dezembro, ela partiu.
As últimas 24 horas que passei com ela no hospital, nunca esquecerei. Ela estava morrendo e eu estava no limite das minhas forças. Me senti perdida e atrapalhada. Mas agradecida por ela ter descansado, estava sofrendo demais.
Nem preciso dizer que durante esses últimos meses não produzi nada na escrita, não tive vontade, nem inspiração. Ainda estou em processo de cura emocional, mas já conseguindo planejar e seguir adiante com meus trabalhos na escrita. Afinal, ela tinha tanto orgulho!
Sei que esse post foi mais um desabafo, mas tudo fez parte da minha trajetória também, e com certeza o aprendizado ajudará a lapidar meus próximos trabalhos e me trará força para novos planejamentos.
Obrigada a você que acompanhou as postagens. Até breve!
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